Capítulo II - Besouros e macacos

- Muito beem homens! Tudo que precisamos é seguir em frente nessa terra desconhecida!

-... Desde quando você é tão corajoso?...

-... Provavelmente é porque só estamos atrás de uma criança...E estamos nós dois presos com ele...

- Não importa se essa terra é território de um Yonkou ou de dois, eu o grande Usopp, não temerei a nada! HÁ HÁ HÁ!!

-...Estou quase abandonando ele sozinho aqui...

- Por pior que seja admitir, eu concordo com você Marimo...

Usopp andava a passo largo e confiante por uma estrada deserta, com exceção de Zoro e Sanji que seguiam logo atrás dele.

- Mas antes disso, temos que achar o Luffy, essa é nossa prioridade - Falou o espadachim em tom sério, ignorando o apelido.

- Sim...Mas como podemos ter certeza que aquele velho barbudo dizia a verdade?... Eu sei que vimos uma miniatura de Luffy correndo na nossa frente, mas ainda assim...

- Eu não duvido de mais nada vindo do Novo Mundo, acho que já vimos o suficiente para abandonar qualquer senso comum.

- Zoro tem razão - Usopp virou-se para os outros dois, caminhando de costas com a mão no queixo - Você não esteve por muito tempo em Dressrosa Sanji...Mas aquela Akuma No Mi que transformava as pessoas em brinquedos...E faziam todos esquecer delas...- Um calafrio percorreu sua espinha - Era realmente assustadora!

E então o atirador tropeçou num ramo e caiu de costas no chão, batendo contra uma árvore e sendo soterrado pela neve que caiu dela.

- Se estivesse de pé, com esse nariz, Usopp seria o boneco de neve perfeito - Ironizou Sanji enquanto o mais novo tentava se levantar.

- Idiotaa! Me ajude a lsair daqui!! - O cozinheiro resmungou que só ajudava donzelas, mas ainda assim se aproximou para dar uma mão a seu amigo.

-...E agora para que lado? - Ambos se voltaram para Zoro, notando que a estrada a frente deles acabava numa bifurcação.

- Talvez....Esqueda? - Opinou o loiro ao lado do atirador já de pé.

- Direita. Certeza!!

- Há, claaro, como se fossemos confiar em seu sentido de direção Marimo idiota!

- O que disse cozinheiro de merda?!

-...Na verdade...Eu concordo com Zoro.

- COMO É?! Será que você bateu a cabeça muito forte Usopp?! É melhor procurarmos por Chopper!

- Eu não bati a cabeça! - Tossiu ajeitando a voz e sussurou algo no ouvido de Sanji - Eu sei que Zoro não sabe sequer andar numa linha reta, mas de alguma forma...Ele sempre acaba encontrando Luffy, por que ele também se perde....É como se eles tivessem um imã de idiotisse que atraísse um ao outro!

- Ah, entendo...Agora faz sentido!

- O que vocês malditos estão cochichando aí?!?!

- Não importa Zoro! Vamos seguir suas direções, vamos para a direita então!

- Hunf, finalmente - E começou a caminhar na frente...No caminho da esquerda.

- Hãaa....

- Como eu disse, ele é um idiota.

De qualquer forma...Os três seguiram pela esquerda que para um espadachim caolho pode ser a direita. A noite aos poucos começava a se tornar dia, sendo o amanhecer do segundo dia que estavam naquela ilha...Era impressionante como conseguiam se meter em problemas rápido...

O sol já brilhava opaco quando eles chegaram a um precipício.

- ...Um beco sem saída...

- Parabéns Marimo idiota.

- Eu não sei do que você está reclamando cozinheiro de merda, tudo que temos que fazer é saltar.

- Claro.

- VOCÊS NÃO PODEM ESTAR FALANDO SÉRIO!! OLHA A ALTURA DISSO!!

- Tem uma floresta ali em baixo, ela vai amortecer a queda e ele deve estar por lá.

- O que te faz ter tanta certeza?!

Ele entrecerrou o olho fazendo uma expressão séria.

- Eu não sei.

- NÃO DIGA ALGO ASSIM COM TANTA DETERMINAÇÃO!

- Bem, vejo vocês lá embaixo - E sem esperar qualquer resposta ele deu um enorme salto, desaparecendo de vista.

- É melhor irmos atrás dele, caso contrário serão 13 aqueles que teremos que achar...

- VOCÊ SÓ PODE ESTAR BRINCANDO! MONSTROS! VOCÊS SÃO DOIS MONSTROS! Eu não posso simplesmente me jogar dessa altura!

- E o que você espera que eu faça?!

-...Bem...Você é o que tem as pernas mais fortes...Que aguentam mais impacto...Então...Poderia me...- E fez o gesto de levar alguém no colo.

- EU ME RECUSO A CARREGAR UM MARMANJO COMO VOCÊ! AGORA DESCE! - Deu-lhe uma bica fazendo-o cair do precipício de cabeça, pulando logo em seguido.

Zoro tinha quebrado alguns galhos, mas caiu intacto. Sanji fez um mortal e aterrissou com perfeição em meio as árvores.

Usopp caiu de cara no chão com um ninho de passáros na cabeça.

- MAAAALDIIITOOOOS!! VOCÊS QUEREM EM MATAR?!?!

- Quieto, tem alguém aqui - Zoro disse apoiando a mão sobre as espadas.

- A presença é muito fraca, pode ser ele...

O atirador se levantou como pode, mesmo sujo de sangue.

Por entre as árvore era possível ver um corpo pequeno e esguio pulando de galho em galho com uma agilidade invejável.

- Ele é muito rápido!

- Consegue atirar uma semente inofenciva nele para podermos derrubá-lo? - Questionou Zoro.

-Há! Deixe comigo! - Usopp saca uma semente e mira o vulto que balança pelos ramos. E num tiro certeiro o alvo caiu no chão.

- Aaah, drooga! - Sobre a neve fofa caiu um menino, adolescente, de corpo esguio e negros cabelos, além de uma cicatriz baixo seu olho direito. - Me pegaram!

- Chega de correr Luffy! Só queremos falar contigo!

- Ele tem razão, somos seus amigos.

- Pare de correr que isso já está ficando irritante!

O pequeno Luffy ficou de pé tomando impulso para trás, encarando os três, antes de puxar a pele embaixo do olho e mostrar a língua.

- Baaaah! Vocês ainda não me pegaraam!

- ORA SEU! - Exclamou Zoro irritando-se.

- Calma Zoro! - Sussurrou Usopp - Lembre-se que ele é o nosso capitão!

- Hunf, esse Marimo idiota não leva o menor jeito com crianças, deixem isso comigo - Dito isso Sanji aproximou-se e ajoelhou-se próximo de Luffy, para que ficassem na mesma altura. - Nós não queremos te machucar, só queremos que você nos escute. Se você fizer isso, eu vou te dar um moooooooonte de carne! - Esticou a mão para o menino- O que me diz?

- UM MONTE?! - Os olhos do adolescente praticamente brilhavam no formato de carne.

-...Não importa a idade, Luffy sempre é facilmente convencido com comida - Suspirou Usopp.

- É mesmo um idiota...

Porém, para a surpresa dos três, seu capitão deu um passo para trás.

-...Eu quero carne...Mas eu estou procurando meu irmão...Ace me disse para nunca acompanhar ninguém da ilha, que não fosse da vila Fushaa...Eles podem querer tentar nos vender como escravos de novo...

Isso chocou completamente os três, que piscaram sem saber o que dizer sobre isso...Sanji engoliu em seco, com um enorme aperto no coração vendo como a miniatura de seu capitão o olhava com desconfiança, sentimento que imaginou que ele era incapaz de ter.

Por outro lado, Luffy aproveitou esse momento para dar um soco na árvore exatamente atrás dele.

Era uma das árvores que Usopp chocou, então não havia mais neve em seu topo, ao invés disso...

Vários insetos caíram, exatamente sobre Sanji.

- I-isso s são.....
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!

O cozinheiro saiu correndo na direção contrária completamente em pânico.

- O QUE DÊMONIOS FOI ISSO?! - Berrou Zoro em choque vendo a direção que o loiro desapareceu.

- Aaah sim...Sanji tem medo de insetos...

- Eu não acredito que alguém como ele tem um medo tão estúpido! E ainda por cima ele consegue fugir ainda MAIS rápido que você!

-...Sim, você tem razã- EEEI!!

- SHISHISHISHISHI!! - Ainda perto da árvore o pequeno Luffy gargalhava enquanto rolava no chão - Vocês são engraçaaados!!

Ele esticou o braço, com menos precisão do que o seu habitual, agarrando um galho da mesma árvore que bateu antes.

- Nem pensar! - Zoro sacou a espada e com um golpe a distância cortou o ramo que caiu aos seus pés. - Você não vai fugir!

Porém isso só fez com que o sorriso do menino crescesse ainda mais.

- Vocês não deveriam ter feito isso...Esses insetos eram Megasomas gyas gyas.

-...Gia...Gia? - Questionou o atirador confuso -...E o que é isso?!

-...As pessoas também chamam de Besouro de Chifres! Aqueles de antes eram só filhotes...Os adultos são beeeeem maiores e odeeeeeiam que mexem com seu terrítorio!

Mal havia terminado suas palavras, besouros enormes desceram dos galhos e atacaram juntos o espadachim agarrando-o e voando com ele.

-EEEEEEEEIIIIIIIIIIIIIIIIII!!!!!!!- O grito foi escutado se afastando ao longe.

Usopp piscou, piscou...E piscou mais uma vez, enquanto Luffy gargalhava e gargalhava sem parar.

De alguma forma, dois dos piratas mais fortes do bando haviam sido derrotados....Por uma versão criança de seu capitão!

Esse simples momento de distração foi suficiente para Luffy se agarrar com as pernas no ramo de outra árvore, balançando de um lado para o outro como um macaco.

Na verdade, toda essa agilidade absurda entre os galhos era exatamente como a do mamífero.

-...Você é realmente digno do seu nome Luffy - Suspirou Usopp - Você se movimenta pelas árvores como se fosse um macaco! É como se tivesse vivido numa floresta toda a sua vida...

- Sim! Eu vivo no Monte Corvo desde....Hãaa...7? 8 anos?...Hmmm...Algo assim! Shishishi~ - Por isso...

Seus olhos brilharam determinados, a mesma determinação, Usopp conhecia bem, que ele mostrava antes de enfrentar um inimigo poderoso.

- Você não vai conseguir me pegar!! - E dito isso ele se equilibrou com maestria pela mata sumindo de vista.

-.-.-.-.-

-...Tem algo muito estranho nessa cidade...

A noite começa a cair, lentamente, fazendo com que a cidade se iluminasse aos poucos, duas jovens completamente cobertas com casacos vermelhos de capuz caminhavam pelas ruas agitadas da cidade decorada.

Pequenas luzes piscantes emolduravam as casas, as árvores estavam cheias de bolinhas coloridas e pacotes embrulhados sobre suas raízes.

-Você diz sobre o festival? Eu acho tudo muito bonito.

- Não, eu me refiro as pessoas...Quando entramos na cidade ontem a noite estava tudo muito agitado e cheio de pessoas, hoje está da mesma forma...

- Hmm...É uma cidade com vida noturna intensa...

-...Na verdade...É como se eles não dormissem...

- O que quer dizer com isso Robin?! - A navegadora exaltou-se olhando com apreensão um casal que passava ao seu lado.

- Ontem não tivemos muito tempo, tudo aconteceu muito rápido... Mas hoje passamos o dia indo de casa em casa perguntando se alguém viu uma criança que perdemos... Ninguém pareceu preocupado com desconhecidos pedindo informações, mais de um nos disse para procurar o prefeito da cidade, alguns se ofereceram para nos levar até lá...Tudo aqui parece muito tranquilo...Tranquilo demais para o Novo Mundo.

-...Acho que entendo o que você quer dizer - Nami suspirou - O pouco que vi de Dressrosa e o que vocês me contaram...Mesmo o que presenciamos em Gran Tesoro...Muitas vezes os lugares não são o que aparentam ser...Mas... - Ela observou as crianças correndo pelas ruas, mesmo de noite, casais se reunindo ao lado das árvores enfeitadas, familias inteiras caminhando juntas - ...Eu queria acreditar...Que pelo menos uma vez...As coisas são exatamente o que aparentam...

Robin sorriu com empatia, entendendo muito bem o que ela queria dizer.

- Eu também gostaria que essa paz não fosse falsa...

-...Ainda acha que esse é o território de um Yonkou?

- Perguntar para pessoas comuns geraria muita atenção e suspeita sobre nós...Mas talvez possamos perguntar isso ao prefeito. Apenas temos que ser delicadas com o assunto.

Elas continuaram caminhando pela cidade, pergutando sobre Luffy nas casas que ainda não tinham ido, recebendo cumprimentos de pessoas que já haviam falado...Mais de um ainda perguntando se eles tinham achado a pobre criança.

- Tenho certeza que vocês vão conseguir achar seu irmãozinho - Uma senhora bem idosa as incentivou ao passar com seu marido.

- Sim, muito obrigada - Nami disse com educação.

Ambas haviam optado por dizer que eram irmãs de Luffy, a princípio a navegadora havia sugerido que a arqueóloga dissesse ser a mãe, muitas pessoas poderiam estar dispostas a cooperar com uma mãe aflita procurando seu filho, porém a mais velha apenas riu suavemente dizendo que isso seria muito peculiar. Depois, Nami pensou que se passar por mãe de alguém que você conhecia o pai deveria ser no mínimo estranho e não insistiu no assunto.

A última casa que passaram, mais afastada da cidade, era uma simples, porém grande, casa de madeira. Era estranho, por que de acordo com os aldeões a casa do prefeito ficava afastada das demais, ninguém havia mencionado a construção de madeira.

Ela parecia bem velha e num estado duvidoso, provavelmente Franky faria um escândalo se a visse...Todas as janelas estavam fechadas e as cortinas corridas.

Robin bateu na porta.

- Com licença?

Passos apressados foram escutados de dentro da casa, seguidos de uma voz muito infantil e fina.

- Nãao teem ningué em casa!!

A mulher sorriu.

- Então quem está respondendo...?

- A-aaaah! Vedade! Hãaaa.... É o vento!!

-Certo Sr. vento, você poderia abrir a porta?

- Bobô não me deixa abrir...OH! Mas o vento...Ele não fala!...Eu...Acho?

- Bobô? Será que ele quer dizer vivô? - Tentou Nami.

- Acho que sim... - E se voltou a porta - Por um acaso você viu uma criança diferente na cidade hoje?

-...Eu num brico com as quiança da vila...Eu só saiu de casa quando meu bobô chega! E faz....Hãaa...Muita hora que ele veio.

- Entendo... - Comentou com tristeza a arqueóloga, lembrando vagamente que ela tampouco brincava com as crianças de sua vila, por que elas tinham medo de seu poder. - Tenha uma boa noite então...

- BIGADA MOÇA!

As duas mulheres trocaram sorrisos tristes antes de seguir caminhando para a última casa.

- ...Ele deveria ter o quê? Três anos? É muita irresponsabilidade deixar alguém tão pequeno assim sozinho...Ainda mais num lugar como o novo mundo! - Nami exclamava irritada.

-...Sim...Tem razão...É estranho...- Então a mais velha notou algo - Espera, Nami...

- O quê? - A mais novo deixou de caminhar.

A casa do prefeito ficava no alto de um pequeno monte, aparentemente, ali também era a prefeitura. Porém, mesmo a distancia era possível ver uma bandeira negra num mastro frente a construção.

- Uma Jolly Roger?!

Robin fechou os olhos, usando de sua habilidade para criar um olho nas paredes da casa, atrás da bandeira.

Então sorriu.

- Eu tinha razão Nami. Essa ilha é território de um Yonkou.

- O QUÊ?! - Exasperou-se - Então ele já deve saber que estamos aqui?! Quem é?! Kaidou?! Big Mom?! Barba Negra?! Temos que avisar aos outros e- Porém ela parou, vendo que a companheira seguia sorrindo enquanto desfazia sua habilidade - Robin?

- Não acho que seja necessário...Pelo pouco que sei, acho que tivemos sorte.

- Sorte?! Como podemos ter sorte caindo num território de um Yonkou e perdendo nosso capitão para o efeito de uma Akuma no Mi maluca?

- Porque esse território pertence ao único Yonkou que não cogitamos. Estamos numa das ilhas do Ruivo, Shanks.


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