Capítulo VII - Como estar em casa

Todos estavam dormindo muito pouco e mal e isso estava preocupando Chopper demais. 

Seria uma questão de tempo até que seus companheiros começassem a colapsar de cansaço e não estar lá para auxiliá-los o deixava ainda mais nervoso.

Claro, ele não era uma exceção, havia caminhado por toda a noite do quarto dia, dormido pouco mais de duas horas numa caverna que encontrou, continuando a caminhar pela madrugada e manhã do quinto dia, parando apenas pela tarde para comer umas frutas de inverno que encontrou.

Já começava a sentir-se realmente esgotado.

Mas não estava preocupado consigo mesmo, havia vivido praticamente quase toda sua vida num País de neve, esse clima pesado era como estar em casa. Sua preocupação era realmente seus companheiros e até mesmo o irmão de seu capitão.

Zoro tirou todas as bandagens que tentou colocar nele e sendo proibido de procurar Luffy -consequentemente se perder e sofrer uma hipotermia - estava extremamente inquieto, treinando com seus pesos praticamente sem descanso numa tentativa de extravasar. 

Sanji, por mais que discutissem era muito parecido nesse quesito, descontando parte do estresse praticando luta com o espadachim e passando todo o resto de seu tempo cozinhando e fazendo comidas quentes para aquecer a todos. Por mais que insistisse nenhum dos dois cochilou por sequer um momento, pendentes da nevasca, como se estivessem contando os segundos para abandonar o navio e seguir a procura de Luffy.  E realmente estavam...

Usopp e Franky tinham tentado reparar o navio antes que a nevasca atingisse a costa, o ciborgue ainda havia insistido em seguir o conserto em meio a neve forte argumentando que viveu num País de neve nos últimos dois anos e que uma "nevascazinha" não o impediria de fazer o seu trabalho. 

Conseguiu argumentar com ele com muita dificuldade, mas graças a ajuda de Usopp ele havia finalmente parado o conserto, quando seus braços mal se moviam devido ao gelo acumulado. Chopper ainda temia que o mais velho pegasse um terrível resfriado com isso. 

Porém a pausa não durou muito, depois de uma breve sopa enquanto discutiam a ida dele e Brook separados em busca dos Luffy's, ocorreu ao marceneiro utilizar-se do Franky Shogun para ajudar nas buscas, dizendo que como o projetou num País de gelo, o robô tinha boas adapatações para esse clima, só precisavam ser checadas e testadas, pois já fazia um bom tempo desde seu último uso em Punk Hazard.

Mesmo o irmão de Luffy, quando saiu pouco antes, parecia que se mantia acordado simplesmente por causa da adrenalina de todos os acontecimentos e o acúmulo de estresse. Mesmo que não o conhecesse bem ainda, como médico, temia que ele poderia colapsar se continuasse assim...

Nami deveria estar muito preocupada também, sentiu isso em sua voz e conhecia Robin o suficiente para saber que ela não conseguia dormir num lugar que mal conhecia, havia passado por traições demais para isso...Provavelmente ela tinha ficado a madrugada toda vigiando ao lado de Nami.

Por alguns minutos de egoísmo desejou que Law ainda estivesse com eles...Mesmo que o homem fosse frio e muitas vezes indiferente, saber que havia outro médico, mesmo que não fosse ele, olhando por seus amigos enquanto estava fora, o teria deixado pelo menos um pouco mais tranquilo....

A noite já era densa quando começou a procurar algum lugar para descansar, nem que fosse um pouco, se sentia culpado em fazer isso sendo que já estavam entrando na madrugada do sexto dia, porém sabia como médico que se seguisse nessas condições mal teria força para se transformar ou levar o Luffy de volta para o Sunny.

Foi então que seu nariz captou um cheiro diferente, uma mistura de álcool e água do mar.

Caminhou na direção, até deparar-se com uma grande construção em madeira.

- Um bar...?! - Leu a placa impressionado - Num lugar como esse?!

Chegando mais perto notou que não havia neve sobre a construção, como se ela fizesse parte de outro lugar.

- Deve ser como Robin disse...Uma parte de uma memória...- Mudou para sua forma hibrída pequena e caminhou até o lugar. - Com licença...?

O bar parecia lotado, havia festa e pessoas festejando felizes por toda a parte, não demorou para a rena reconhecer que a música que entoavam era Binks no Sake.

- OOOH, são todos pirat- AAAAAAAAAAAAAAAAAAH!! - Berrou correndo de costas e batendo contra uma das paredes do bar, um dos homens, que parecia estranhamente familiar e usava uma faixa na cabeça, simplesmente o atravessou. -  F-fa-fantaaaasmaaaaaaaa!!!

Ficou onde estava por alguns instantes, tremendo enquanto notava que o tal fantasma, que observando bem era meio transparente e de figura meio borrosa, sequer parecia ter notado sua presença, cogitou sair correndo dali...Mas se essa fosse uma lembrança...Havia um Luffy aqui em algum lugar, ele não podia simplesmente ser um covarde agora!!

- Relaxe Mink, eles não podem te ver.

Uma voz estranha soou ao fundo do correr, onde haviam outros dois desses seres, porém os dois eram muito mais nítidos. Uma mulher de cabelo verde que sorria amavelmente como se fosse um quadro estático e um homem apoiado sobre o balcão de cabelos ruivos. Esse segundo virou-se para Chopper com um sorriso ao tempo que pegava um velho chapéu ao seu lado e colocava sobre sua cabeça. 

- Tudo aqui é parte de uma memória, uma memória bem antiga, de uma criança, é normal que nem todos os rostos sejam realmente definidos ou claros, já fazem doze anos depois de tudo...

-M-mas...Isso...Você é....Esse...Esse chapéu.

- Dahahahahaah! Tenho certeza que você o conhece, não? - O homem sorriu orgulhoso - É o primeiro presente que recebi na minha vida, meu tesouro. Mas também é o tesouro de seu capitão, eu suponho. Eu faço parte dessa memória também, mas você pode me chamar de Shanks. É um prazer conhecê-lo Mink Rena!

-.-.-.-.-.-

- PURU PURU PURU, PURU PURU PURU...Kacha.

- Alô?...Sabo? Hmm...Acredito que deve ser esse homem desacordado na minha sala....Ah, ele deve estar melhor agora...Está praticamente deitado sobre a minha lareira, mas ele parece estranhamente confortável assim...Eu? Sou o prefeito da capital dessa ilha. Se ele estava atrás das duas jovens que estavam aqui, ele está próximo delas, não se preocupe. Eu aviso quando ele acordar, não, não fui eu que o trouxe, um rapaz moreno o deixou na minha porta...Não, nunca o vi na ilha...Espere...Acho que ele está acordando...

Abriu os olhos devagar, sentindo-se estranhamente relaxado e descansado. Sentou-se olhando para os lados, algo laranja e confortável parecia opacar sua vista, mas atráves disso pode ver um grande homem verstido de vermelho, barba longa e branca, claramente encorpado, com rosto cheio e rosado.

- Meu Den Den Mushi!! - Exclamou tentando levantar-se de um salto e batento a cabeça com tudo em uns tijolos. - AAAAAIII!!

- Meu jovem, tenha calma, se você não ativar conscientemente o poder de sua fruta, ainda será sólido e poderá bater a cabeça nas coisas. 

Piscou com a dor latente em sua cabeça, era engraçado, já fazia um tempo que não sentia dor ao bater em algo, ainda mais uma dor pungente como esta.

- SAAAAAAAAAABOOOOOOOOOOOOO!!

Seu sangue congelou, fechou os olhos enquanto se sentava com a coluna reta, esperando um golpe que nunca veio. Abriu um dos olhos devagar, com receio. Então somando os pontos, percebeu que a voz vinha de seu Den Den Mushi.

- Você ainda parece um pouco tonto, apesar de tudo, é melhor comer algo, afinal, você está dormindo a praticamente dois dias.

- DOIS DIAS?!?!

- Por volta disso eu acho, te encontrei de tarde na minha porta, te trouxe para o sofá, mas mesmo desacordado você caiu e meio que se arrastou até a lareira, que é onde você está agora. Dormiu todo o resto do dia, da noite e o dia seguinte também. Agora são por volta de três da manhã meu filho.

- ESTAMOS NO SÉTIMO DIA SEU GRANDE IMBÉCIL! RETARDADO! ESTÚPIDO! EGOÍSTA!! COMPLEXO DE IRMÃAO!

O senhor tampava os ouvidos enquanto o caracol pulava enraivecido sobre a mesa.

Podendo finalmente olhar melhor seus arredores, de fato notou que estava em uma sala, literalmente sentado sobre as chamas de uma lareira, que faziam cocêgas sutis em suas bochechas. 

- EU ESTIVE TENTANDO CHAMAR VOCÊ E NADA!!! 

-Hohohoho! Eu só encontrei esse pobre caracol tentando sobreviver ao frio na minha última ronda, eu sinto muito por isso minha jovem.

- Ah, não, eu agradeço o senhor por achar e cuidar desse PEDAÇO INÚTIL DE HOMEM!

-...N-não tem problema...

- Me perdoe, mas eu preciso falar urgentemente com ele. Sabe, sobre "o tempo", essa nevasca está terrível.

- Não se preocupem, podem conversar tranquilos, eu vou preparar um leite quente. - O senhor entregou o caracol as mãos enluvadas do revolucionário que o agradeceu sem graça por toda a ajuda, esperando-o desaparecer de vista antes de voltar sua atenção ao caramujo.

- "Vento"  - Deu sinal por código que sua companheira poderia falar, que não estavam sendo escutados. 

- Um dos companheiros de Luffy, o esqueleto pervertido

- Pervertido?

- ...Ele achou...hmm..Outro Luffy, ele está na enfermaria.

-....Está ferido também?! - Colocou preocupado.

-...Sim, mas...Está estável agora...

-...Se ele está bem....Porque você usou o código vermelho, esperando que esse senhor saia para me contar? - Questionou o uso das palavras "O tempo" - Ele não parece uma ameaça...

- Primeiro eu quero que você saiba que é um enorme cabeça dura e que poderia ter morrido, eu sabia que era arriscado demais...Eu suspeitava que você não havia dormido desde que achou seu irmão naquele incêndio...

-...Eu não tinha tempo para isso.

- Aaah claro, graças a isso você ficou fora durante dois dias!! Estamos num estado vermelho há algumas horas e....- A voz dela vacilou - ...Eu...Eu realmenten pensei que você...De qualquer forma, temos um outro enorme problema agora.

- Alguns dos Luffy's?! O homem da akuma no mi apareceu de novo?! Inimigos?!

- Não, não....E sim...Me avisaram no começo da noite....Baltigo foi destruída.

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