Dia de Neve
- Então vocês também conseguiram encontrar um Luffy... - A voz de Usopp falava por Den Den Mushi.
- Sim, ele estava na casa do prefeito, como eu falei ontem com o Franky, chegamos pela noite e logo em seguida começou uma tempestade de neve, ele insistiu que ficassemos...Porém o tempo não melhorou em nada o dia todo - Nami dizia olhando pela janela de uma enorme casa, a neve que caia sem fim.
- ...Então já estamos entrando no quarto dia e só temos três Luffy...Isso não é bom...
- Robin tem uma suspeita de onde pode estar o quarto.
- Sério?!
- Sim, vimos uma casa de madeira a caminho daqui, onde morava um menino que não nos abriu a porta, dizendo que seu avô não permitia, mas o prefeito disse que não existe nenhuma casa de madeira na cidade.
- Mas como isso é possível?!
- Parece que a habilidade do homem que atacou Luffy, além personificar lembranças, também é capaz de dar forma ao que as cercava...Como a casa onde ele vivia quando criança - Seguiu Robin ao lado da navegadora.
- Isso faria muito sentido! Eu fui atacado por um enxame de abelhas, e elas não deveriam ser capazes de sobreviver num tempo desses!
- Então cada um dos Luffy estará cercado com coisas de suas memórias...- Zoro comentou pelo caracol - Isso pode nos ajudar a encontrá-los.
- Isso se soubermos identificá-las...- Seguiu Nami - Não sabemos muito da infancia dele...Além de Ace.
- Aaaah! Falando nisso, a razão pela qual liguei, além de querer saber como vocês estavam fazendo, era para avisar que encontramos Sabo!
- Sabo?
- Os revolucionários estão aqui? - Cortou Robin.
- Como é? - Nami olhou do Denden Mushi para a companheira - O que os revolucionários tem haver? Quem é Sabo?
A arqueóloga sorriu com mistério.
- É o outro irmão de Luffy, o conhecemos em Dressrosa - Explicou o atirador.
- COMO É?! Outro irmão?! Quantos irmão ele tem?!
- Eu também fiquei surpreso! Yohohoho! - A voz do esqueleto soou ao fundo.
- Eu também! Eu também! - E a de Chopper.
Nami suspirou cansada, massageando a tempura.
- Com licença? - Uma voz desconhecida para a navegadora tomou o caracol - Desculpe me apresentar assim...Eu sou Sabo...Como é o Luffy que vocês encontraram?
Pela primeira vez desde o começo da chamada, Nami lançou um olhar caloroso ao volume nos braços de Robin.
- Apenas um bebê...Acho que com alguns poucos meses.
Pela expressão do caramujo o tal irmão mais velho não esperava esse tipo de resposta.
- UM BEBÊ?!
Robin riu sutilmente enquanto o menino observava seus movimentos curioso.
- O prefeito disse que o encontrou em meio a alguns destroços...Sujo de sangue e chorando...Mas ele não estava machucado.
- Maldição...
- Ele está bem, não se preocupe - Apressou-se a dizer a arqueóloga compreensível. - Mas...A situação que ele o encontrou...Sabo...Alguma vez Dragon te contou sobre o nascimento de Luffy?
O homem suspirou longamente do outro lado da linha.
- Não....Falamos apenas sobre o porquê dele não ter criado Luffy...Seria perigoso demais...
- Entendo...
- De qualuqer forma, eu darei um jeito de amenizar essa tempestade nem que seja um pouco para chegarmos a casa de madeira - Colocou Nami decidida - Eu estava testando meu Clima Tact e acredito ser capaz.
- Mas não é muito perigoso levar um bebê numa tempestade dessas?! - Voltou a falar Usopp.
- Eu posso ir até vocês, com minhas chamas posso facilitar sua viagem até aqui - Propôs Sabo - Só preciso saber onde estão.
- Luffy não será um problema, nessa idade como não conhecia neve, sua lembrança não é capaz de sentir frio. Mas sua ajuda seria maravilhosa - Terminou Robin - Nos ajudaria a voltar mais rápido.
- Muito bem, você tem um papel? Vou te explicar as coordenadas - Assumiu Nami.
Robin então se afastou deixando a navegadora fazer o seu trabalho, aninhando o pequeno bebê em seus braços, que parecia sonolento, prestes a cair no sono.
- Robin?
A mais jovem após sair da ligação caminhou em direção a mais velha, que observava o pequeno capitão com expressão melancólica.
- É estranho...Você não acha? - A arqueóloga começou - Toda essa situação...
- Bem, não é como se fossemos cercados de normalidade desde que resolvemos seguir esse cara - Suspirou pela milésima vez da noite.
-...Sim... E independente dos desafios que ele tinha à frente, sem temer o desconhecido, ele nos estendeu a mão...
- Robin...
-Mesmo sem saber quem éramos, de onde vinhamos, ele não se importou...E nos estendeu a mão... Ele fez milagres, apenas para que pudéssemos seguir com ele...Eu confeso que...Depois de...- Ela engoliu em seco, mas seguiu com firmeza - ...Tudo que aconteceu com a CP9, eu me esqueci...Até o incidente do Kuma e Marineford...
- Se esqueceu? ... - Nami hesitou - Se esqueceu de quê?
- De que apesar de tudo, Luffy é humano. Tem suas falhas...Seus medos, seus problemas... Nos acostumamos a vê-lo sorrindo, dizendo que faria o impossível por nós, que se torná o Rei dos piratas... Eu não digo que não acredito nisso, eu tenho certeza que Luffy é o homem que se tornará o rei dos piratas! Contudo...Ainda assim...Ele é apenas um homem.
Ela acaricou com sumo cuidado os poucos cabelos da criança.
- ...Tudo que ele quer é ser o homem mais livre do mundo...E ainda assim carrega tanta responsabilidade em seus ombros...Carrega todos os nossos sonhos e esperanças...Esperamos tanto dele...Por isso vê-lo assim, tão pequeno e desprotegido... É tão estranho... Eu sei que é egoísmo, sendo que ele nunca perguntou o passado de nenhum de nós...Mas eu tenho curiosidade em saber...Como é possível que um bebê tão pequeno...Tão frágil, se tornou o homem que confiamos nossas vidas...
- Sim...Você tem razão - A navegadora sorriu com doçura - Por isso que...Quando conheci Ace em Alabasta, eu senti um pouco de inveja.
-...Inveja? - Robin desviou o olhar para a jovem, que por sua vez observava o bebê com carinho.
- ...Sim...Eu tive que...Passar por muitas coisas quando criança...Por causa de Arlong.
- O ex companheiro de Jimbei.
- Sim... Foi tudo...Muito difícil...E muitas vezes eu pensei que ia quebrar...De alguma forma, mesmo sem saber, era como se eu estivesse desejando ter companheiros que eu realmente pudesse confiar...E então Luffy apareceu. - Ela riu ao ver um pouco de baba escapar da boca do bebê adormecido - É como se de alguma forma...Eu estivesse esperando pelo dia que pudesse encontrá-lo...Para me tirar daquela prisão que eu vivia...Por isso, quando conheci Ace...Que conviveu com Luffy por tanto tempo, o viu crescer e se tornar o que é hoje...Eu fiquei com inveja...Eu tenho uma irmã de criação também sabe, ela é maravilhosa...Sempre cuidou de mim...Mas eu gostaria de ter podido...Conhecer Luffy antes, tê-lo como irmãozinho também...As vezes eu me pergunto...Como teria sido minha vida...Se ele tivesse aparecido antes...Por isso eu te entendo Robin, muito bem...
A arqueóloga sorriu complacida, lembrando-se das palavras de Saulo...Sim, ela também esteve esperando por Luffy...Mesmo antes dele nascer, ela ainda tinha esperança que iria encontrar...
Alguém que estivesse ali, disposto a aceitá-la, independente de seu sujo passado.
- É por isso que temos que ir para essa casa de madeira! Eu vou dar o meu melhor para que possamos atravesar sem problemas! - A navegadora bateu com orgulho contra seu peito - Pois se o futuro rei dos piratas tem falhas, nós estamos aqui para supri-las e erguê-lo acima das ondas!
- Sim, tem razão - Ela riu com sutileza - Vamos então?
- Sim! Eu já estou pronta! É preciso muito mais do que uma nevasca para me parar!
Ali, do outro lado da porta do quarto das jovens, um senhor de longa barba branca a alisava com um grande sorriso no rosto.
- Hohohohoho parece que o menino que você deu seu primeiro presente, encontrou os melhores presentes que alguém pode desejar. Bons amigos...Hohohohoho
E caminhou feliz por sua casa com esse pensamento em mente.
-.-.-.-.-
- Eu não acredito que vocês falaram com a Robin e não me avisaram! - Resmungou Koala inflando as bochechas.
- Foi tudo muito rápido, não deu tempo de te avisar - Comentou Sabo enquanto caminhava de um lado a outro da enfermaria montando um pequeno kit de primeiros socorros.
- O Luffy que acharam está ferido também?
- Não, mas eu prefiro não arriscar.
- Você se preocupa demais...
- Mas é claro! Ele é-
- "Meu irmãozinho", siiim, eu sei, você sempre diz isso...
A jovem virou-se para o Luffy que estava deitado numa das camas da enfermaria, o corpo coberto de bandagens, Sabo seguiu seu olhar, o observando com pesar.
- Se cada um dos Luffy representa um momento de sua vida...O desse deve ser o incêndio do Terminal Gray...Eu tentei fugir nesse dia...Por que estava muito preocupado de que Luffy....Ou Ace estivessem presos nele...E infelizmente eu tinha razão.
-Sabo, poor faavor, não vá se culpar por isso também...! Já faz muito tempo!
- Como eu posso não me culpar?! A consequência está bem na minha frente!
- Sabo, isso são apenas memorias!
-Sim, mas foi justamente por causas de minhas memórias que eu não estive do lado dos meus irmãos quando eles precisavam de mim!! - Esbravejou, produzindo labaredas em seus ombros, uma delas quase acertando sua companheira -...Ah! M-me desculpe eu...!
Suspirou frustrado, batendo ambas as mãos contra o rosto, como se tentando acordar.
- Desculpe...- Repetiu, porém Koala não o observava com raiva, como normalmente fazia numa reação involuntária de sua Akuma No Mi ou depois de alguma burrice que fizesse, não, dessa vez apenas o observava com pesar - Eu sei que preciso me acalmar...Mas toda essa situação...Voltar a ver o Luffy da forma que eu me lembrava...- Ergueu a mão, acariciando os cabelos de seu pequeno irmão - É tão real...É como se o passado tivesse voltado para me assombrar...Me lembrar do que perdi.
- Então porque ao invés de lembrar do que você perdeu, não se lembra do que você ainda tem?!
Ele a encarou nos olhos.
- Você tem a todos nós! E tem Luffy, que está precisando de você e VOCÊ ESTÁ AQUI AGORA!
- Sim...Você está certa......
- Se você planeja atravessar uma nevasca com o poder de sua Akuma no Mi, vai precisar de toda a sua atenção! Você não é tão experiência no uso dela, qualquer deslize e pode acabar se congelando! Ou pior! Machucar a Robin a caminho daqui!
-...Sua preocupação por mim me comove...
Ela caminhou até ele puxando cada um dos lados de sua bochecha.
- Então foco! Você é conselheiro do exército revolucionário, o segundo em comando! Além do que, também é o irmão mais velho do futuro rei dos piratas, não? Então haja como tal!
-Yeeeh, bocé dem bazão (É, você tem razão)
Ela o soltou, com um sorriso triunfante.
- Claro! Eu sempre tenho razão!