Histórias que se repetem

A pequena vila no East Blue estava realmente muito agitada aquele dia, mas eu realmente não me importava, era simplesmente o mais natural de acontecer, uma vez que um grande pirata havia sido capturado e seria executado dentro de algumas horas.

Eu, o pirata em questão, me encontrava amarrado numa grande tora de madeira, braços esticados e pernas juntas. Já havia me conformado com meu destino. Se a morte insistia em sorrir para mim, não lhe desviaria o rosto, seria muito pouco cortes de minha parte.

Nunca realmente pensei que teria uma morte tranquila...Um pirata simplesmente não tinha esse direito, mas eu esperava que pelo menos pudesse morrer no mar.

Não que um criminoso como eu tivesse o direito de escolher...

Porém todos esses pensamentos fugiram de mim quando notei uma presença sentada na minha frente. Surpreendi-me levemente, não havia notado quando aquele jovem de não mais que dezessete anos havia chegado ali, como se tivesse se materializado... Mas logo afastei essa ideia, num mar tão fraco quanto esse alguém com habilidades assim era praticamente impossível de encontrar-se...

- Você parece estar tendo um momento difícil aí. - Não conseguia ver seu rosto, coberto com um capaz, porém parecia estar sorrindo... Muito provavelmente aproveitando minha dor.

Não respondi.

- Ouvi dizer que está aí há um mês!!...Deve ser realmente complicado.

Onde ele queria chegar?

- Eu estaria com muita fome se estivesse no seu lugar...Não tenho certeza se aguentaria.

-...Então, eu devo ter mais vontade do que você - Por alguma razão, respondi as suas provocações, algo naquele jovem me chamava a atenção... Talvez por que não via ninguém além dos meus torturadores há dias.

Ele riu, mostrando um sorriso cheio de dentes.

- Você pode ter razão!!

Parecia tão casual e tranquilo, como se estivéssemos num restaurante conversando tranquilamente em meio a uma refeição. Como se não estivesse sentado frente a um terrível pirata na linha final de sua vida. Quando dei por mim, seu sorriso me contagiou. Era um jovem interessante.

- ...O que te traz aqui criança...?

- Não sou criança! - Exaltou-se repentinamente - Tenho 17 anos!!

-...Não importa se é uma criança ou um adulto, se os marinheiros te virem aqui, serás executado também.

-...Eu vim aqui por que queria conhecer o tirânico pirata de grande fama que por alguma razão perdeu para um grupo de aldeãos... Você realmente é forte?

Ele simplesmente havia ignorado minha última frase...

-...Por que isso te interessa?

-Por que uma garotinha da vila me contou que você a defendeu de um grupo de bandidos que a sequestrou. Porém os aldeãos não acreditaram em suas palavras e te atacaram. Estranho que um pirata com tanta fama não pôde simplesmente levar alguns simples civis.

-...Eles não tem culpa, não sabem o que fazem. - Confessei, por alguma razão.

E o sorriso dele expandiu-se por todo seu rosto, ao tempo que uma estranha brisa atravessou aquele campo empoeirado lavando consigo o capuz que escondia os cabelos pretos e espetados até as orelhas daquele homem.

- Essa é uma frase estranha para alguém que é chamado de tirânico! Você tem fama de ser um cara horrível.

-Minha má reputação não me importa. Mas eu não planejo continuar vivendo sem meus ideais.

- Ideais é? O que é um homem sem seus ideais? O que são os seres vivos sem liberdade? A liberdade de poder escolher o rumo de nossas próprias vidas!! - Seus olhos pareciam brilhar ao fim de cada uma de suas palavras. Levantou-se e caminhou até parar a dois passos de mim - Gostei de você, não parece ser um cara mal. O que acha de vir comigo e mudar esse mundo?

Não consegui esconder meu espanto frente a essas palavras. Afinal...Quem era esse garoto?!

-...E se eu me recusar?

- Não vai! Eu já decidi que você virá comigo!

-...E onde está a tal liberdade de rumo que você falou?!

-...Certo, então te dou duas opções...Vir comigo, ou vir comigo a força.

- Isso não são opções!! -Qual era o problema dele?!

-Talvez, mas é melhor do que morrer aqui. - Apontou para um lado, indicando o som de marinheiros aproximando-se e berrando para eles.

Ele tinha razão, não podia negar isso...Suspirei fundo, muito fundo.

- Tudo bem - E mesmo sem esperar minha resposta, ele começou a tentar desamarrar-me - Sinto como se estivesse fazendo um pacto com um demônio. Mas eu irei me juntar a você.

Ele abriu, se possível, um sorriso maior.

-É muito bom ouvir isso Kuma!!

-...É melhor apressar-se então...Eles estão chegando...A propósito...Qual o seu nome?

- Dragon!! Pode me chamar de Dragon!!

Dragon... A primeira vez que ouvi o nome daquele, na época, jovem e sonhador rapaz...Quem imaginaria as surpresas que a vida ainda me reservava? Algo naquele instante me instigava a acompanhar...

....Até onde aquele misterioso jovem conseguiria chegar....

-....Acho que apertei ainda mais....Ah! Malditos nós de marinheiro!!

-....Não está falando sério não é...?! - E a marinha começou a alvejar-nos

...Embora naquele preciso instante, eu não tinha certeza se esta era das minhas mais inteligentes decisões...